“Todos os dias pensava em matar-me”

Rodolfo tinha apenas 6 anos de idade quando começou a frequentar o psicólogo para lidar com os “conflitos internos”…

Como Rodolfo, há cada vez mais crianças a recorrerem aos serviços de pedopsiquiatria. Os motivos: ansiedade e depressão. Mas, o que leva as crianças, que deveriam estar a viver “a melhor fase da vida”, a desenvolverem conflitos tão perturbadores?

CAUSAS

Habitualmente há uma situação, ou várias, que se relacionam. A depressão infantil pode surgir na sequência de um acontecimento sentido pela criança como traumático, sublinham os especialistas.

GATILHO

No caso de Rodolfo, o ambiente familiar foi o gatilho. O pai era alcoólatra e agredia permanentemente os filhos. Ainda criança, viu-o a tentar esfaquear o próprio filho, irmão mais velho de Rodolfo. A mãe, também lidava com a depressão: “vi a minha mãe a entrar para o quarto com um saco de medicamentos para tirar a própria vida”, recorda.

MARCAS

Os eventos marcantes e perturbadores levaram-no à depressão, aos 12 anos de idade: “Fui uma criança deprimida. Todos os dias pensava em matar-me, para acabar com a dor que eu sentia. O tabaco era o meu refúgio”. A mágoa do pai era outro fardo que carregava: “o meu sonho era matar o meu pai. Culpava-o pelo que eu estava a passar”.

SAINDO DA DEPRESSÃO

Foi nessa altura que recebeu o convite do grupo do qual é hoje colaborador: “quando lá cheguei, ninguém me julgou, pelo contrário, entenderam a minha dor, pois tinham passado pelos mesmos problemas. Perdoei o meu pai, deixei o vício, vi-me curado da depressão. Hoje, posso ajudar quem esteja a enfrentar a mágoa e a depressão, que eu venci.”

Rodolfo Rodrigues
Colaborador do “Saindo da Depressão”