Luto e Depressão: é possível recuperar?

Com a perda de alguém muito próximo ocorre uma grande mudança na nossa vida.  “Do nada”, uma violenta ausência impõe-se no nosso dia a dia. Após perder o pai, Sandra viu-se “sem chão”. Perdera o seu melhor amigo…

Sandra teve vários episódios em sua vida que lhe causaram dor. Porém, nada foi mais profundo e teve tanto impacto na sua existência como a morte do seu pai. Era o seu melhor amigo, o seu refúgio em vida, a pessoa que melhor a compreendia. As consequências da perda foram terríveis para uma mulher emocionalmente fragilizada.

DOR PROFUNDA

“O meu pai era o meu grande amigo, a única pessoa que me compreendia, era a pessoa por quem mais amor tinha na vida. Quando ele morreu, foi como se me tivessem tirado o chão. A sentir-me só, passei a ir todos os dias ao cemitério para falar com ele. Passava a minha hora do almoço ali, com a foto dele, a “desabafar”. Era onde me sentia bem. Foi assim durante 20 anos. Nessa altura, tomava 22 comprimidos por dia, desde calmantes a soníferos”. O “bem-estar” que sentia quando fosse ao cemitério era, na verdade, o perpetuar de uma dor que não a deixava viver. Aos 34 anos, Sandra chegou ao mais extremo ponto da tristeza. Completamente deprimida, atentou contra a própria vida: “Cortei os pulsos. A angústia e a tristeza eram tão grandes que eu me perguntava o que estava a fazer viva. Só queria esquecer a dor que trazia no peito”.

RECUPERAÇÃO

Sandra é hoje uma das colaborados do grupo Saindo da Depressão.  Conseguiu superar a dor da perda do pai, conseguiu vencer a depressão, reaprendeu a sorrir e a viver. O apoio do grupo foi fundamental para a sua recuperação, e por isso, dedica-se a dar o que recebeu. Através do grupo, partilha a sua experiência para ajudar outras pessoas a reaprenderem a ver o colorido da vida: “ter aceitado o convite de participar nas reuniões foi a melhor DECISÃO que eu tomei. Eles me ouviram-me, ensinaram-me a rejeitar os pensamentos negativos e a ver a que vale a pena viver”.

Sandra Duarte
Colaboradora do “Saindo da Depressão”