“Comecei a gostar de mim mesma”

A imagem e o estilo de vida de Sara em nada levavam a crer que por dentro era uma jovem carente e vazia …

Aos 14 anos foi-lhe diagnosticada a Síndrome de Cronh, doença crónica que provoca inflamação do trato digestivo. Apesar de sofrer desta patologia, Sara, tentava ter uma vida normal, não fosse o facto de lidar, também, com problemas interiores: “Apesar de sofrer com um a doença que não era vista a olho nu, não deixava que ninguém se aproximasse de mim. Os problemas físicos fizeram com que me tornasse uma jovem fria e muito resguardada”.

REBELDIA X BAIXA AUTOESTIMA

Sara, adotou um estilo rebelde que servia para ludibriar as inseguranças que sentia. Aparentava ser uma jovem feliz e autoconfiante. Usava o cabelo pintado, piercings e tatuagens, mas, a realidade interior era outra: “Não gostava de mim e evitava olhar-me ao espelho. Sentia a necessidade de chamar a atenção, e usava a minha imagem para o fazer”.  Com um vazio interior a consumi-la, procurava refugiar-se na bebida e nas noitadas, mas de nada adiantava, pois, a tristeza era permanente, ao ponto de a fazer questionar sobre o sentido da vida: “Andava por andar, sem rumo e sem perspetiva… Passava noites inteiras a chorar. Muitas vezes pensei em acabar com a minha vida”.

OS PAIS

Nunca lhe faltou carinho e atenção em casa, mas, apesar do esforço dos pais em proporcionar-lhe o melhor, tanto afetiva como materialmente, Sara vivia numa espiral de insatisfação interior. Chegava a ter comportamentos rebeldes só para afrontar e chamar a atenção dos pais, que não conseguiam perceber a filha.

A FOLHA UNIVERSAL

Foi o meio pelo qual Sara e a mãe tiveram acesso ao Centro de Ajuda. Ambas já tinham ouvido falar do mesmo, mas somente após receberem o jornal tomaram a decisão de ir. Sara teve uma experiência no primeiro dia: “Pela primeira vez senti que alguém me estava a ouvir, parecia que tudo que estavam a falar era sobre a minha vida. Chorei porque senti-me valorizada de uma forma muito especial”.

MUDANÇA TOTAL

“Aos poucos passou a praticar o que lhe fora ensinado e as coisas começaram a mudar, de dentro para fora: “comecei a gostar de mim mesma, a valorizar-me”, conta sorridente. A cura da doença de Crohn também aconteceu, assim como a libertação dos pensamentos autodestrutivos: “Já não me sinto incapaz de fazer as coisas. Hoje sou uma jovem definida e com objetivos, que quer ter um futuro. Sou feliz e tenho uma família transformada”.

Sara